O Céu Está Em Todo Lugar - Jandy Nelson

A primeira coisa da qual eu tenho que falar sobre esse livro é o material e a arte que o compõem. A capa é grossa, lembra muito um livro em capa dura. A folha, para mim, é de um material diferente, também mais grosso. As letras são em azul, e a cada novo capítulo a gente tem uma arte linda de uns poemas que a Lennie escreve o tempo todo durante a estória. É um livro que chama a atenção pela capa logo de cara!

Lennie era uma menina que se considerava um pônei acompanhante, sempre na sombra do cavalo de corridas premiado que era sua irmã mais velha, Bailey. Bailey era uma jovem atriz que tinha tudo para iniciar seus estudos na faculdade e seguir uma carreira brilhante, quando morreu de um ataque do coração durante um ensaio.

Assim que ela se vê sem a sua irmã, Bailey é tomada por uma tristeza gigantesca que a faz ficar imersa em si mesma e em sua dor por tanto tempo que acaba se distanciando até de sua melhor amiga. Como seria possível viver uma vida sem sua irmã? Já não basta viver sem sua mãe?

"Mais tarde, enquanto toca sem cessar, toda a névoa desaparece. Ele tem razão. É exatamente isso, sou loucamente triste e, em algum lugar lá no fundo, tudo o que eu quero é voar." p. 112

As meninas não têm pai, e a mãe saiu pelo mundo deixando as duas muito pequenas na casa da avó, onde moram com ela e o tio - famoso na cidade por ter se casado várias vezes. Todos viviam em uma casa feliz até esta perda.


Lennie é clarinetista na banda da escola, tão boa que não pega os solos das apresentações por pura falta de vontade. Ela simplesmente nunca conseguia ousar, sentir o que estava tocando. E foi principalmente depois da morte de sua irmã que a vontade de ousar ficou menor ainda, porque ela achava que não merecia. Que não era ela a pessoa da família que deveria brilhar.

Ela achava inclusive que não merecia, nem que era apropriado, ficar feliz com coisa alguma. Que devia ficar de luto para sempre. Até que Joe Fontaine(#todasquerem) entra na sua escola, na banda, e, eventualmente no seu coração substituindo toda aquela tristeza por felicidade e vontade de viver. Vontade de ser também um cavalo de corrida.

"Mas o que foi isso novamente? Será que posso rir assim com tanta facilidade? E é para eu estar me sentindo tão bem assim, como se mergulhasse em um rio de águas frescas?" p.19

Mas como nem tudo são flores, as coisas mudam entre ela e o ex-cunhado, Toby, quando um começa a se agarrar no outro, quando começam a se consolar de uma maneira não habitual e quase fora do controle. E aí Lennie precisa parar e pensar no que vale a pena, no que ela quer e, mais importante ainda, no que ela pode ser.

O livro é lindo e cativa aos poucos, envolvendo sua cabeça sutilmente, e te fazendo querer saber cada vez mais o que a Lennie vai decidir, se ela vai fazer besteira ou não. Demorei muito para terminar a leitura por conta da faculdade (sempre a bendita!), e por causa do estresse pelo qual venho passando achei o começo chato porque, vamos combinar, quem está uma pilha de nervos nunca tem muita paciência com quem está vivendo algum drama - principalmente na ficção. Mas o livro consegue ser tão fofo, tão bom, que nem meu humor conseguiu fazer com que eu desgostasse do livro e recomendasse muito.

Se você quer ler uma estória doce, cativante e que te fará refletir em suas atitudes para com sua própria vida, eu sugiro que dê uma chance a esse livro que te prende de todas as formas possíveis.